Tanta gente chegou no pé do meu ouvido gritando timidamente o nome dele. Como um jornalista iniciante coletando palavras premeditadas para a matéria, ao encarar minhas mãos trêmulas, gaguejavam por não saber o grande furo que poderiam obter me pressionando.
Agora, por assaduras nas minhas costas, conto, não o nome, minha lembrança dele.
Ele partiu numa tarde, ou numa madrugada, com certeza não numa manhã, porque lembro do meu corpo energizado pela ausência. Pela falta de culpa que estralava meus dedos ágeis.
Sou boba por mensagens confirmativas de que existo, além do emaranhado de significados e significantes, ser imagem interpretante. Naquela tarde disse-lhe que o amava com a alma e ele retribuiu a mensagem.
Passo dezenas de respirações com a barriga revivendo respirações com o peito, é inegável minha tentativa de sentir o ar seguramente, mas sempre volto para o prático mental. Naquela madrugada, disse-lhe que era como todos os rostos que já vi e ele negou a mensagem.
Canso de correr por um abraço solto de lapso admirante, sempre caio e ralo meus joelhos recém cicatrizados da última volta de patinete elétrico que experimentei. Naquela manhã não lhe disse nada. Eu parti.
Tudo sente-me e ele sabe. Por isso ronda meu nome nas conversas de bar com conhecidos em comum. Ou, talvez, por isso lê o que escrevo discretamente, tão na surdina, que cogito compartilhar a sombra.
Te fazer rir tornou-me uma palhaça do Selton, então continue rindo da minha melancolia. Te ouvir turvamente criou em mim a simplicidade de nunca falar, então continue afastando o passado de mim. Não tenho terceiro aprendizado, não me importo o suficiente, só, por favor, me solta.